Trançar e soltar as raízes
- Fernanda J Passos. PHC
- 15 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
Quando menina, eu odiava tranças, não gostava mesmo, pois eu via esse penteado como uma tentativa da minha mãe de controlar o meu cabelo, não deixar ele armar, eu não gostava de nem um tipo de trança. Eu gostava de usar ele solto, sentir a cabeça livre, e por ele ser cacheado e cheio, se armava muito, e mesmo ele não sendo crespo, sofria ofensas dos amigos do prédio, dos colegas da escola e até mesmo do meu pai, ele brigava com a minha mãe, dizendo que ela não me penteava, mesmo ela penteado ele duas vezes a três vezes ao dia. Isso me provocava uma desaprovação de mim mesma, pois quando me olhava no espelho, mesmo estando com o cabelo da maneira que mais gostava, me sentia feia, pois ele não era liso e tinha sempre essa aparência de desarrumado.

Com o passar dos anos e com o avanço na comunicação, hoje vejo a trança não como algo que me prende, mas como algo libertador, é a raiz das minhas origens, de mulheres pretas que trançavam o cabelo para sobreviver no passado e hoje fazem o mesmo, não apenas como sinal de beleza, mas como sinal de resistência, pois nossos cabelos são lindos.
Fiz box braids pela primeira vez esse ano, para ir para a Bahia, pude me sentir conectada comigo mesmo, com a minha história e meus antepassados, não de uma maneira triste, mas sim orgulhosa por estarmos resistindo e existindo mesmo após tudo o que passamos e ainda enfrentamos.
Não vejo a hora de fazer isso outras vezes, enquanto isso vou deixando minha liberdade fluir com meus cabelos soltos, enrolados e armados. Muitos dizem: "Fe prende seu cabelo" ou "Diminua o volume dele" (Sim em pleno século XXI ¬¬ ), essas frases me levam para o passado onde eu era chamada de bruxa, e outras coisas, só que diferente de quando eu era criança, eles não me machucam mais, pois quando olho no espelho e vejo toda essa cabeleira me sinto completamente apaixonada por mim mesma.

E aprendi a curtir e a brincar com ele, por isso estou sempre com ele de maneiras diferentes, preso, trançado, armado, alisado, ondulado, não importa, é meu cabelo, faz parte de mim e da minha raiz histórica, esses fios são a minha identidade e se eles estão a te incomodar, posso fazer nada, pois o meu objetivo é me amar em primeiro lugar!
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História de superação, eu mim indetifico com esse relato ,parabéns Fé!!!!